Não há fome que não dê em
fartura. De repente, tantos descobriram como era fácil ter, na internet, um
modo de expressar ideias e delírios. Foi a época dourada dos blogs. Depois,
como é normal, o desencanto traçou o desfecho final: a determinação acabou e a
maioria dos projetos pouco durou. Sem pachorra, nem imaginação, nem querer
para sustentar uma continuada narrativa - que é o que se exige - a quem publica,
aqui, a durabilidade dos blogs é efémera.
Morremos sempre duas vezes:
primeiro fisicamente, depois na memória dos outros. Por considerar que tenho
tanto ainda para mostrar picturalmente (razão deste blog), ainda não desisti ao
fim de quase quatro anos. Confesso que nunca fui de desistir. Quando tenho um projeto
luto por ele e, só depois, me canso quando tudo se esgota.
Porque faço da pintura
um modo de estar na vida; porque não vejo como viver sem pintar ou sonhar com a
pintura; porque mostrar o meu trabalho é parte de mim, aqui estou. Reconheço que poucos consultam
esta exposição semanal, mas eu sei que a arte (e em particular a pintura) é um
restrito meio de apreciadores.
Há quem tenha sucesso, que é como quem diz:
leitores imensos, ou “olheiros”, ou outra coisa qualquer na blogosfera. De
facto, há blogs de imenso interesse. Leio muitos. Uns são feitos, até, com
colaboradores. Mas eu, que sempre fui mais para o solitário, por cá ando neste
desígnio de caminho enquanto forças houver, para depois o tempo me esquecer.
E morrer de vez.
E vos deixo com as palavras de Clarice
Lispector in “A Paixão”:
“ A desistência é uma revelação.”
É de facto uma grande verdade. A blogosfera parece ter perdido o seu brilho ao longo dos tempos. Com o aparecimento de novos meios de divulgação tecnológicos,como por exemplo as redes sociais, uns quantos parecem ter caído em desuso.
ResponderEliminarContudo, não posso deixar de manifestar o meu interesse e gosto em visitar este blog e incentivar à sua constante manutenção.
Parabéns pelos trabalhos divulgados e boa continuação dos mesmos.