domingo, 16 de dezembro de 2012

Desconhecidos

 
 
 
 
 
 
 
 
Desde que descobri na net um canal de música passei a ouvir, enquanto pinto, ópera, porque me dá paz, serenidade, companhia, ambiência e me transporta para imaginários cenários. Já escutava música clássica na nossa rádio de referência. Ouvia e ia aprendendo a conhecer autores, intérpretes e muitas das histórias envolventes. Depois, neste eterno mudar que é composta a vida das pessoas e das empresas, tudo ficou diferente. Programas que seguia deixaram de existir e, muitas das vozes que me eram familiares desapareceram. Deixei de sintonizar a única estação com a qual me identificava. Agora, com esta descoberta, ganhei o que queria – música operática-, mas perdi muito. Perdi porque ninguém anuncia quem canta o quê, nem porquê, nem como, nem os muitos episódios de uns e de outros. A arte não nasce das pedras, ela é resultante de trabalho e dedicação de pessoas com uma história de vida. Não referir o universo da criação é transformar a autoria do belo num mar de esquecidos. De desconhecidos. Triste sina em que apenas se conta uma parte da história. Da nossa história. Das nossas vidas.
 
 Recordo hoje as palavras de Alphonse Karr:
“O esquecimento é a morte de tudo quanto vive no coração.”
 
 
 
E termino com Rollando Vilazón cantando “Una Furtiva Lágrima” ária de Donizetti, que é um hino ao amor e não ao esquecimento, porque os amores nunca se esquecem.


 
 


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