Desde que descobri na net um
canal de música passei a ouvir, enquanto pinto, ópera, porque me dá paz,
serenidade, companhia, ambiência e me transporta para imaginários cenários. Já
escutava música clássica na nossa rádio de referência. Ouvia e ia aprendendo a
conhecer autores, intérpretes e muitas das histórias envolventes. Depois, neste
eterno mudar que é composta a vida das pessoas e das empresas, tudo ficou
diferente. Programas que seguia deixaram de existir e, muitas das vozes que me
eram familiares desapareceram. Deixei de sintonizar a única estação com a qual
me identificava. Agora, com esta descoberta, ganhei o que queria – música
operática-, mas perdi muito. Perdi porque ninguém anuncia quem canta o quê, nem
porquê, nem como, nem os muitos episódios de uns e de outros. A arte não nasce
das pedras, ela é resultante de trabalho e dedicação de pessoas com uma
história de vida. Não referir o universo da criação é transformar a autoria do
belo num mar de esquecidos. De desconhecidos. Triste sina em que apenas se
conta uma parte da história. Da nossa história. Das nossas vidas.
“O esquecimento é a morte de tudo
quanto vive no coração.”
E termino com Rollando Vilazón
cantando “Una Furtiva Lágrima” ária de Donizetti, que é um hino ao amor e não
ao esquecimento, porque os amores nunca se esquecem.
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