Toda a gente tem tanto para
dizer, mesmo que nada seja interessante. As conversas são quase sempre banais e
sobre coisa nenhuma, neste meu modo desencantado de olhar o que me cerca. Os
velhos falam da doença, do passado e da triste sina que os espera; a geração
anterior conversa sobre o desemprego e a angústia dos dias; os jovens vivem
pela descoberta e com os discursos das mensagens vazias dos telemóveis e, os
pequenitos começam a saber o que é cada novo dia, neste desencontro com a aprendizagem.
E o mundo gira. Uns nascem e outros partem. Aqui com paz, ali com guerra. Na
nossa terra a fartura e a pobreza escondida coexistem. E é este labiríntico
conjunto de tanto e de tão pouco que preenche o vocabulário assertivo e
coerente de alguns, entre tanto dizer sem conteúdo de muitos. E lá vamos
cantando e rindo, entre lágrimas e dores da alma, porque a vida é vivida um dia
de cada vez e, ninguém pode dizer que desta água não beberei, mesmo que tenha
dito o seu contrário, entre conversas coerentes ou meramente de circunstância.
E mais não digo. E mais não quero. E mais não posso. Por enquanto.
Recordo hoje palavras extraídas de textos budistas in “Máximas”:
“Não se é sábio por
falar muito.”
E vos deixo com Di Provenza uma ária da ópera Traviata de
Verdi, com a voz maravilhosa de Dietrich Fisher-Dieskau, cantor lírico
(recentemente falecido), que aprecio imenso e que me acompanha, muitas vezes,
enquanto pinto.
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