terça-feira, 26 de agosto de 2014

Paredes de vidro


 
 


 
 
 
 
João Alfaro
“Banho I”, 2014
Pintura sobre tela de 120x80 cm
 
 
São as figuras públicas e os outros também. Hoje, pelas redes sociais, tudo se sabe e transparece, com alguma verdade e mentiras sem destino. É fácil dizer tudo de todos, e, do mesmo modo, qualquer um se expõe dizendo de si e dos seus. No limite, o direito à privacidade não faz sentido, quando enquadrado em contextos apelativos quanto à intimidade de cada um. Venha o diabo e escolha. Está tudo ligado. Todos sabem de todos. E de quase tudo. É o século XXI.
 
O que ontem era escandaloso, hoje é aceite sem manifestações contestatárias. Aqui. Do outro lado do mundo é bem diferente, mas aqui, no nosso cantinho, as normas são o que são, e os costumes o nosso saber viver, com mais ou menos censura nas posturas sociais. Mas nada importa. Tudo passa tão depressa e tantas coisas acontecem, que a memória se vai na hecatombe dos eventos. Tudo é espuma. Menos a arte do desejo.
 
“Banho I” é a primeira pintura de uma série em que a temática se debruça sobre a intimidade, que é comum a todos, mas que, no entanto, quando exposta, em paredes de vidro, a crítica da moral e dos bons costumes tem o lápis azul como referente máximo, ou não fosse a hipocrisia um modo de estar, mesmo em tempo de modernidade.
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Laurence Sterne que escreveu um dia:
 
"A censura é o imposto da inveja sobre o mérito."
 


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