João Alfaro
“Banho I”, 2014
Pintura sobre tela de
120x80 cm
São as figuras públicas e os
outros também. Hoje, pelas redes sociais, tudo se sabe e transparece, com
alguma verdade e mentiras sem destino. É fácil dizer tudo de todos, e, do mesmo
modo, qualquer um se expõe dizendo de si e dos seus. No limite, o direito à
privacidade não faz sentido, quando enquadrado em contextos apelativos quanto à
intimidade de cada um. Venha o diabo e escolha. Está tudo ligado. Todos sabem
de todos. E de quase tudo. É o século XXI.
O que ontem era escandaloso, hoje
é aceite sem manifestações contestatárias. Aqui. Do outro lado do mundo é bem
diferente, mas aqui, no nosso cantinho, as normas são o que são, e os costumes
o nosso saber viver, com mais ou menos censura nas posturas sociais. Mas nada
importa. Tudo passa tão depressa e tantas coisas acontecem, que a memória se vai
na hecatombe dos eventos. Tudo é espuma. Menos a arte do desejo.
“Banho I” é a primeira pintura de
uma série em que a temática se debruça sobre a intimidade, que é comum a todos,
mas que, no entanto, quando exposta, em paredes de vidro, a crítica da moral e
dos bons costumes tem o lápis azul como referente máximo, ou não fosse a hipocrisia
um modo de estar, mesmo em tempo de modernidade.
E vos deixo com as palavras de Laurence
Sterne que escreveu um dia:
"A censura é o imposto da
inveja sobre o mérito."
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