Noite de Fados no
ArtSpace João Carvalho, Gouxaria (Alcanena).
“Preso ao Meu Destino”
"E preso ao meu destino eu principio
Onde um pequeno sol por entre as árvores
Perscruta o chão
Ávido enfim de azul,
Meu grito vive a ponte que o abismo
Há muito conquistou.
O lume é ténue,
A chama é quase ausente e quase extinta."
António Salvado, in “Na Margem das Horas”.
O Natal está aí. Foi um ano
diferente. Muito. E de tão abismal, comparativamente a outros, não o vou
esquecer. Recordei o meu pai. Muito. E, porque das memórias se alimentam os dias, com a
saudade e a ternura que o pensamento alimenta, vivi momentos salutares
com o melhor que a vida nos dá e as esperanças nos vaticinam. Mas veio a tragédia, na porta ao lado, e me fez ver a fragilidade do ser e a angústia do
amanhã. E muito.
Neste fado de alegrias e de
lágrimas sem fim, o tempo passa, onde se procura o encantamento
nos pequenos prazeres, e nos sonhos que a imaginação tece. Amanhã é outro dia e
para o ano haverá Natal de novo. Para uns a encruzilhada das dúvidas no muito
querer e, para outros, a resignação do nada desejar, porque não há nada, mesmo
nada, apenas a dor por companhia. No meu oásis de bem-estar faço da pintura um ponto de encontro de gentes, projetos, sonhos e fantasia, enquanto as forças do Olimpo o permitirem.
Bom Natal para todos os que
continuam fiéis – aqui - nesta caminhada de desejos e confissões.
E vos deixo com as palavras de Henri
Amiel, in “Diário Intímo”.
“Cada vida faz o seu destino.”
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