segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Feliz 2016

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este é um pequeno vídeo dos primeiros trabalhos aqui mostrados
 
 
 
Foi a 31 de dezembro de 2009 que começou este blog. O seu espírito é o mesmo: mostrar a minha pintura. Umas vezes me perco em considerandos de outras órbitas mas, fundamentalmente, é a exposição artística a razão maior para aqui continuar. Entre a palavra e a imagem, quase só conta a ilustração e, muito pouco, o pensamento expresso em palavras breves. A regularidade deveria ser um ponto de honra, mas questões pessoais me impedem de escrever. É sempre uma luta aparecer e mostrar algo de novo. A minha pintura hoje é muito demorada na sua execução. Os ditames políticos, sociais e até alguns artísticos pouco me aproximam, donde, quase que só quero mostrar como é o meu caminhar na arte das cores.
 
Para 2016 tenho programadas três exposições em Portugal e em 2017 três outras em bienais fora de portas. A ver vamos.
 
 
 
Neste fim de ano, para os resistentes que, aqui, espreitam este blog os meus votos de um novo ano cheio de oportunidades e de realizações plenas, na arte do belo viver, com a serenidade e o encontro com a paz e a harmonia. Feliz 2016.
 
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras do escritor moçambicano Mia Couto que um dia disse in “Terra Sonâmbula”:
 
“A festa é a tristeza fazendo o pino. Nela a gente se comemora num futuro sonhado.”


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A oeste ainda há Natal

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eu não tenho de ser politicamente correto. Gosto do Natal, do seu espírito, das tradições e da cultura inerente, das cores vibrantes, da música católica, dos espaços caracterizados pela época própria e, sobretudo, da esperança que a mensagem natalícia, ano após ano, transmite. Acho que é a súmula da cultura ocidental que, prezo, defendo e cultivo, me dá alento. Não gosto nada, agora, deste humilhado servilismo, por outras culturas e outras religiões, que não me deixam ver o que gosto de ver, nem falar o que gosto de dizer.
 

 
Cada um faz o seu caminho e aproveita, ou não, as oportunidades com a determinação e a capacidade de ir por aí. Uns desistem logo no início da corrida (tudo é competição); outros, pelo contrário, se deixam arrastar pelas piores razões e, outros ainda atingem o almejado. Há de tudo: gente feliz, mais os eternos descontentes. Dos fracos reza a história com letra pequena, e com garrafais recortes fica a memória por gerações de uns quantos outros. Tudo isto para dizer que vale a pena crer o querer. Quero continuar a fazer o que gosto: pintar. Pintar a mulher, que é a maravilha do olhar masculino, no encantamento e na magia da arte pictórica, sem o fundamentalismo castrador que hoje invade a Europa, com o beneplácito de muitos que deveriam saber conservar o que tanto custou a conquistar: a liberdade.
 
 
 
O Natal está a chegar. Aproveitem. Só há um em cada ano. E vale a pena comemorar, enquanto temos vida.
 
 
 
Recordo hoje as palavras de Anatole France, escritor francês nascido em 1844 e falecido em 1924, que um dia disse:
 
“É acreditando nas rosas que as fazemos desabrochar.”
 
 
 


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Recomeçar hoje e sempre

 
 
 

 
 
 
"Uniqua"
 
Pintura em execução: 1º dia.
 
 
 
 

 

Depois da pausa, é preciso recomeçar. É mais do mesmo neste mundo, no entanto, as guerras não acabam, os conflitos pessoais são comuns e as dúvidas eternas. Só me resta pintar, mesmo sabendo que se repete o caminho, porque tudo é, afinal, um palco de desavenças, de lutas intestinas e de interrogações sobre os valores e o objetivo supremo do existir. Agora sem ilusões, nem expectativas sublimadas, os dias arrastam-se na procura e sempre na procura, do outro lado, onde não estão presentes, aparentemente, os males de sempre. E, por isso pinto e pinto, sem que haja outro interesse senão o saber gostar do gostar de pintar. E isso me basta no preenchimento do tempo e do modo.

 

 

 

Tanto cantar e vozes sublimes; tanta escrita e contos fantásticos; tanta cinematografia e tanto imaginar; tanto de tanto e a arte repetindo as inquietações e dúvidas, com armas novas ou com os meios parcos, onde cada um procura ser singular, mesmo repetindo no tempo e no espaço as questões angustiantes de sempre. Um Picasso é único; a voz da Callas inconfundível; o Pessoa um oceano de luz e muitíssimos outros nos esmagam com a verdade e o pulsar. É neste quadro de imensidão que o meu trabalho se desenvolve, querendo abarcar as grandes questões do eu, no silêncio e no solitário caminhar, em que o recomeçar é uma constante e uma obrigação.

 

 

 

 

E, vos deixo com as palavras do escritor francês Valéry Larbaud, nascido em 1881 e falecido em 1957, que um dia disse:

 

 

“A arte é ainda a única forma suportável da vida; é o maior prazer, e o que se esgota menos depressa.”


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Janela Indiscreta

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma exposição de pintura é sempre uma janela aberta, indiscreta, sem dúvida. Está lá tudo: não são precisas palavras, nem sons, e nada fica oculto pela imaginação do querer descobrir, o que o artista tem para dizer, através dos caminhos da arte.
 
Para memória futura fiz este vídeo que é uma associação de obras com uma temática própria, definidora de um tempo e de um modo de olhar e ver o mundo. Se a frieza e o distanciamento silenciosos parecem caracterizar o meu viver, a pintura, acho eu, pelo contrário, traduz a verdade sem as máscaras e os trejeitos sociais. E há tanto para contar sobre a beleza e o encantamento, que nunca o tempo basta para o muito que outros querem conviver, mas porque só se vive uma vez e o tempo tem as regras que tem, os prazeres possíveis traduzem-se maioritariamente no apego às artes, que são o meu refúgio e alimento, que é, afinal, a tradução da simplicidade do viver, com a sensação que há um testemunho que ficará para vindouros, sem os vícios e defeitos mil do presente, mas apenas com o registo do que fica, que é o amor pela arte e pelas pessoas singelas, neste viver de janelas indiscretas.
 
 
E, porque se recorda, agora, os oitenta anos do falecimento de Fernando Pessoa, vos deixo com um poema, do “Livro do Desassossego”:
 
“Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.”