sábado, 28 de dezembro de 2013

2013




 
 
 
 
João Alfaro 
 
 Pinturas de 2013
 
 

 

E 2013 está a chegar ao fim. Há sempre muito que fica por dizer, porque acontece tanto de tanto num percurso de 365 dias. Para mim foi um ano de muitas emoções. Houve de tudo. Quanto ao meu trabalho – razão principal deste blog – a aventura continua, neste meu modo de querer descobrir o aliciamento da arte, e a magia encantatória que ela transmite. Projetos e ambições são o meu alimento, nesta caminhada de ideais e fantasia. Para o próximo ano, se os Deuses me protegerem, outros trabalhos irei realizar e, aqui, mostrar.

 

Na aprendizagem dos dias os desejos se alteram, o significado das ambições muda e com ele a vida fica diferente. É pela consciência da fragilidade e da incógnita de cada instante, que quero pintar e pintar como se fosse um modo de dizer que ando por aqui, nesta existência terrena, onde uns são a aparência da felicidade, outros criadores de pensares, e, os restantes, sonhadores entre os perdidos do costume.

 

 

 

Vivam cada dia como se fosse o último.

 

 

Que o ano de 2014 seja, dentro do possível, um tempo de aconchego do espírito e de ambições.



Até para o ano.

 


sábado, 21 de dezembro de 2013

Fado

 



Noite de Fados no ArtSpace João Carvalho, Gouxaria (Alcanena).

 
 
 
 

 
“Preso ao Meu Destino”
 
"E preso ao meu destino eu principio
Onde um pequeno sol por entre as árvores
Perscruta o chão
Ávido enfim de azul,
Meu grito vive a ponte que o abismo
Há muito conquistou.
O lume é ténue,
A chama é quase ausente e quase extinta."
 
 
António Salvado, in “Na Margem das Horas”.
 
 
 
O Natal está aí. Foi um ano diferente. Muito. E de tão abismal, comparativamente a outros, não o vou esquecer. Recordei o meu pai. Muito. E, porque das memórias se alimentam os dias, com a saudade e a ternura que o pensamento alimenta, vivi momentos salutares com o melhor que a vida nos dá e as esperanças nos vaticinam. Mas veio a tragédia, na porta ao lado, e me fez ver a fragilidade do ser e a angústia do amanhã. E muito.
 
Neste fado de alegrias e de lágrimas sem fim, o tempo passa, onde se procura o encantamento nos pequenos prazeres, e nos sonhos que a imaginação tece. Amanhã é outro dia e para o ano haverá Natal de novo. Para uns a encruzilhada das dúvidas no muito querer e, para outros, a resignação do nada desejar, porque não há nada, mesmo nada, apenas a dor por companhia. No meu oásis de bem-estar faço da pintura um ponto de encontro de gentes, projetos, sonhos e fantasia, enquanto as forças do Olimpo o permitirem.
 
 
Bom Natal para todos os que continuam fiéis – aqui - nesta caminhada de desejos e confissões.
 
 
 
 
E vos deixo com as palavras de Henri Amiel, in “Diário Intímo”.
 
“Cada vida faz o seu destino.”


domingo, 15 de dezembro de 2013

Rir é o melhor remédio

 
 








“Ana”, 2013

Pintura sobre tela

 

 

“Tive o jeito de rir, quando menino,
Até beber as lágrimas choradas:
Com carantonhas, gestos, desatino,
Passou a nuvem e os pequenos nadas.

A rir de escuridões, de encruzilhadas,
Tornei-me afeito logo em pequenino;
Porque ri é que trago as mãos geladas,
E choro porque ri do meu destino.

Vivi de mais num mundo idealizado
Comigo só: E só de mim descreio
Entornava-me riso a luz em cheio

Quando o meu mundo foi principiado;
Rio agora que não sei donde me veio
Sempre o mal que me trouxe o bem sonhado.“

 



Afonso Duarte, in "Ossadas"
 
 
Gosto de estar com quem faça do riso momentos de diversão, quantas vezes, por dá cá aquela palha. Detesto, confesso, os que só conseguem ver o desencanto e a fatalidade dos dias. Reconheço, no entanto, que a minha escrita – aqui – é quase sempre mais pelo lado negro da vida, do que pela alegria do estar. E tudo isto porque me lembrei de uma pessoa por quem tenho o maior apreço e estima, mas que nunca vi rir: é sempre aquele ar triste; aquela apatia pela voragem do tempo; o desencontro com a felicidade possível. E há tanta gente assim: que não sabe rir; que tudo é tristeza; que nada está certo; que falta sempre alguma coisa. Nem eles sabem bem o quê, e o porquê de tanto mal-estar, de tanta descrença, de tanto engano com a sina da vida. Vidas...
 
 
 
 
E a vida é tão bela quando se sabe saborear os pequenos momentos com a companhia de uns e outros, na partilha do que se gosta, sabendo usufruir do que se pode ter e redimensionando o possível. Infelizmente é na fatalidade que se descobre que a felicidade é um bem, que deve ser vivida a cada instante, e que é tão desperdiçada. Rir é, pois, o melhor remédio, nem que seja para enganar o destino.
 
 
E vos deixo com as palavras de Erasmo:
 

“Rir de tudo é próprio de parvos, mas não rir de nada é de estúpido.”


sábado, 7 de dezembro de 2013

Homenagem

 
 
 
 
 
 
Professor Bazenga
 
 


 
 

João Alfaro
Autorretrato
1ª pintura a óleo

 
 
 

Há pessoas que nos marcam, porque nos ajudaram a definir a nossa personalidade ou a encontrar o caminho certo. Enquanto o mundo chora a morte de um homem reconhecido internacionalmente pelos seus valores de humildade, generosidade e, sobretudo, pelo sentido da comunhão e do afeto, ao contrário dos seus pares, todos mais preocupados com a ganância e desrespeito pela diferença, Mandela soube ser ímpar num continente devastado por tantos males. As homenagens sucedem-se. Merecidamente. É um símbolo da Humanidade. E a sua memória não será esquecida, porque foi um dos grandes do nosso tempo. Partiu e deixou uma eterna saudade.

 

 

 

 

 E há os nossos que ao partirem deixam, naturalmente, saudade, muita dor pela ausência, e um vazio que nem o tempo consegue preencher. Eles são sobretudo os nossos familiares queridos e os amigos próximos. Mas há também os que se cruzaram um dia no nosso destino e nos mudaram a vida. Partiu, no mesmo dia do Mandela, um homem por quem sempre tive uma enorme admiração. Fez-me descobrir o meu caminho e por isso me tornei pintor. Num contexto, longe das metrópoles artísticas, soube incutir-me o desejo ardente de acreditar sempre que se deve ir atrás do sonho. E eu fui. Obrigado professor Gil França Bazenga.

 

 

 

 

E vos deixo com as palavras de Guimarães Rosa:
 
“Saudade é ser, depois de ter.”
 
 

Homenagem