sábado, 15 de maio de 2010

Caminhos



Caminhos
Para quê, caminhos do mundo,
Me atraís? — Se eu sei bem já
Que voltarei donde parto,
Por qualquer lado que vá.

Pra quê? — Se a Terra é redonda;
E, sempre, tem de cumprir-se
A sina daquela onda
Que parece vai sumir-se,

Mas que volta, bem mais débil,
Ao meio do lago, onde
A mãe, gota d'água flébil,
Há muito tempo se esconde.

Pra quê? — Se a folha viçosa
Na Primavera, feliz,
Amanhã será, gostosa,
Alimento da raiz.

Pra quê, caminhos do mundo?
Pra quê, andanças sem Fim?
Se todo o sonho profundo
Deste Mundo e do Outro-Mundo,
Não 'stá neles, mas em mim.

Francisco Bugalho, in "Paisagem"


Esta tela é um jogo, de muitas cores, que procura retratar um meio que, pela singularidade arquitectónica, encanta qualquer um. É assim a vida que, nos reserva, ao virar da esquina, surpresas quando tudo parece sempre igual.

Para fazer esta pintura utilizei instrumentos de registo rigorosos e um jogo prévio de cores. Régua e esquadro para traçar as linhas paralelas e perpendiculares; muitos pincéis (quase todos finos) foram precisos para pintar este trabalho, onde a luz é um elemento importante, conjugado com as proporções e as escalas dos elementos formais. História da Minha Pintura.

E vos deixo com a música de Vianna da Motta e “Concerto para piano em lá maior ”

3 comentários:

  1. João,
    __ belíssimo __ . telas.palavras.

    é um gosto renovado aqui voltar.

    bom fim-de-semana
    um sorriso :)
    mariam

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  2. Gosto de ver nascer coisas. Gosto da ilusão. gosto da fantasia. e por gostar tanto de tanto só encontro na pintura muitos dos meus desejos.

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