segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A voz dos inocentes



Chegou a hora. Chegou a hora da voz dos inocentes. Finalmente chegou. Está na hora. Está na hora de falar, de dizer o que nos vai na alma, de falar bem alto o que queremos e porque queremos. Está na hora. É agora ou nunca. É chegado o momento da voz dos inocentes. A nossa voz.

Esta aguarela retrata dois universos tão coexistentes e diametralmente opostos. Os artistas têm sido, através dos tempos, os mensageiros dos modos de estar e sentir o mundo. O jogo das cores complementares e a divisão do espaço procuram, neste meu trabalho, retratar este nosso mundo tão desigual e inquietante.

E, aqui hoje, a inocência com as palavras de Florbela Espanca, in “ Charneca em Flor”:

Não Ser

“ Quem me dera voltar à inocência
Das coisas brutas, sãs, inanimadas,
Despir o vão orgulho, a incoerência:
- Mantos rotos de estátuas mutiladas!
…”

E nada melhor terminando, esta crónica diária, com Hendel, em Rinaldo, HWV 7 “ Lascia Ch’io Pianga” na voz de Jarouussky para exprimir o amor, as lutas e sobretudo a voz dos inocentes.



1 comentário:

  1. A voz consciente de quem vê e ouve e sente, na voz de quem não consente, somente porque sabe que é gente, persistente.
    Cada um tem a sua voz, alta ou baixa, grave ou forte que deve lançar no imenso mar de gentes, de opiniões ou suposições.
    As vozes presentes são aquelas que escutam os silêncios dos povos por gemidos, por alaridos, por risos ou olhares transmitidos.
    As vozes presentes transportam vozes abafadas de dor e medo e medo de dor, vozes que choram seus filhos e mães sem rosto, o profundo desgosto; a voz da razão com a razão na voz a ensinar ao mundo que a inocência tem lugar em cada grão de trigo que alimenta as aves migradoras, na esperança de um novo lugar para seus voos encetar; acordar e romper as cortinas que impérios sem alma tecem como se a verdade fosse sua; não calar nunca enquanto a inocência continuar a ser vendida aos negreiros sem lei. Dar voz, à voz, é um dever de todos...nós!

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